terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Seja os Homens quizerem... porque Deus assim não quer.



Ligo a televisão e sou constantemente assaltada pelas imagens deste conflito que assume agora uma dimensão que nos toca a todos. E apesar desta ser uma questão milenar, que provavelmente já nem os envolvidos guardam memória das suas causas, vou tentar entender…

Pelo menos desde o séc. VIII a.C. que há notícias de conflitos entre as tribos que ocupavam o actual território palestiniano. De notar que Israel (enquanto tribo) foi conquistada e anexada pela Assíria em 722 a.C.. Voltando apenas a surgir enquanto entidade politica em 1948. Extinta Israel, os conflitos com as restantes tribos permaneciam, até que no reinado de Nabucodonosor da Babilónia, assistimos à deportação em massa da sua população. A Palestina era assim uma terra de ninguém, que foi sendo transferida ao longo dos séculos por, Persas, Ptolomeus, Selêucidas, Asmoneus, Romanos, etc. O que por si só confere às populações que ai se foram estabelecendo uma grande variedade étnica.

A Palestina conhece um período de grande prosperidade com a cristianização do Império Romano, tendo em conta a importância dos acontecimentos religiosos que ai tiveram lugar. Tendo passado a ser um alvo apetecível tanto para cristãos, moçulmanos e judeus, que se gladiavam pelo domínio do território.

Dando um longo passo nesta história apressada, chegamos ao séc.XIX com os Judeus a continuarem a aguardar a reunião do povo de Israel, que se encontrava disperso desde 722 a.C. por castigo de Deus. Aspiravam o perdão divino, e quando tal acontecesse o povo de Israel seria reunido numa terra onde viveriam observando a lei de Deus.
Theodore Herzl (1840-1904) rendido às ideologias vigentes na época, começou a promover a criação de um Estado Judaico, pois só assim se poderia garantir a sobrevivência dos judeus enquanto nação. A aplicação deste quadro foi ponderado para diversos pontos do globo, tendo-se falado na Argentina, Chipre, Congo, etc. No entanto a escolha da Palestina foi a que mais força teve, contanto com o apoio de França e do Reino Único (que esperavam partilhar os despojos do então decadente Império Otomano)

Assim no final do séc XIX inicia-se uma série de vagas de emigrações de judeus para a Palestina. Sustentada por negociações envolvendo as Nações Aliadas e os turcos que administravam o territórios, e aliados da Alemanha na 1ª Guerra Mundial.

Coube aos vencedores da Guerra decidir o destino da Palestina, as Nações Aliadas (encimada pelo Reino Unido) começaram por reconhecer que as diferentes nações que viviam na Palestina tinham o direito à independência. E estabeleceu como prioridade para o território a criação do “Lar judaico”.

Os palestinianos viram neste acto a negação do seu direito à independência, e opuseram-se ao projecto desde o seu início, temendo que a “Declaração de Balfour” levasse à sua submissão política e económica. Surge assim a resistência Palestiniana, opondo árabes a judeus e britânicos.

O endurecimento dos confrontos levou os britânicos a ponderarem a hipótese de divisão da palestina em 2 estados (judeu e árabe). Solução que não agradava a nenhuma das partes, pois os palestinianos não queriam abdicar de parte do seu território e os sionistas viam nesta atitude um desvio ao projecto inicial.

Como parecia não existir solução, em 1939 os ingleses recuam e propõem a criação de um único estado palestiniano para ambos os povos, num prazo de 10 anos. Mas foi apenas mais um projecto falhado…

Os sionistas ao perderem o apoio britânico viram-se para os E.U.A.

Em 1947 a ONU herdeira da questão da palestina, retoma a ideia da criação do estado árabe e do estado judeu. O que mais uma vez originou fortes confrontos.

A 14 de Maio de 1948, na véspera da retirada das forças britânicas da Palestina, os judeus proclamam o Estado de Israel. O recente estado reconhecido internacionalmente e aceite na ONU, tinha uma grande vantagem sobre a coligação árabe, pois para além de ter um exército mais poderoso, contacta com o apoio das grandes potências e da opinião pública ocidental. E em 1949 Israel tinha já ocupado 78% da Palestina.

Assim a grande maioria da população (árabe), viram-se transformados em refugiados perseguidos, amontoando-se em acampamentos na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano.

A ONU aprova a 11/12/1948 a Resolução 194, onde reconhece aos refugiados o direito de regressarem aos seus lares ou a serem indemnizados. Resolução que Israel se recusa a cumprir até hoje, obviamente por quererem assegurar a maioria étnica judaica, porque tendo em conta os dados da UNRWA, em 1999 foram recenseados 3.600.000 refugiados (nº que não perfaz a totalidade dos refugiados palestinianos)

Assim temos vindo a assistir a um conflito israelo-palestiniano com inúmeros acordos de paz sem qualquer efeito, e a um não parar de violações dos direitos humanos e das directivas internacionais.


Agora faz mais sentido?

Pois a mim também não.


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